quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Artes: Transvanguarda

Nascida no inicio dos anos da década de 1980, teorizava a volta à alegria das cores na pintura, recorrendo a temas como a mitologia e temas heroicos com grande expressividade.”

O termo transvanguarda entra no vocabulário artístico com o livro A Transvanguarda Italiana, 1980, de Achille Bonito Oliva, para designar uma tendência da arte italiana exemplificada por artistas como Francesco Clemente, Mimmo Palladino, Enzo Cucchi, Sandro Chia e Nicola de Maria.
A nova orientação deve ser lida no interior do chamado neo-expressionismo internacional dos anos 1970, sobretudo em suas faces alemã e norte-americana. Na Alemanha, destacam-se os trabalhos de Jörg Immendorff, George Baselitz, A.R. Penck e Anselm Kiefer. As memórias da guerra, as marcas deixadas pelo nazismo no país e a tematização de certa identidade nacional problemática são referências para os quatro artistas, ainda que os temas conheçam inflexões distintas em cada um deles. Nos Estados Unidos, os nomes de Julian Schnabel, Robert Longo e Jonathan Borofsky podem ser lembrados como representantes de uma leitura particular do neo-expressionismo.
Os trabalhos reunidos na transvanguarda – em geral, pinturas e esculturas -, mesmo que apresentem dicções distintas, e defendam a vitalidade dessas diferenças como um valor, compartilham algumas preocupações e orientações. De modo geral, os artistas realizam trabalhos figurativos em que o corpo humano tem presença destacada.
 As telas construídas de modo geral com cores e pinceladas vigorosas abrigam, volta e meia, zonas de escuridão, deixando entrever a tentativa de equilibrar tendências opostas, na forma e no conteúdo.
Contra a ideia de plano e projeto, assim como de uma tendência a pensar a história da arte como evolução linear, os artistas borram as hierarquias entre diferentes linguagens, entre “alta” e a “baixa” cultura, não conferindo privilégio a nenhum estilo e recuperando, até mesmo, perspectivas descartadas. As obras tendem à fragmentação e à combinação eclética, de distintas referências.


No Brasil, parece difícil apontar influências diretas da transvanguarda embora seja possível notar um número significativo de obras tributárias do neo-expressionismo, por exemplo, os trabalhos dos artistas da Casa 7 – Nuno Ramos, Paulo Monteiro, Fábio Miguez, Rodrigo de Andrade e Carlito Carvalhosa -, as pinturas de Daniel Senise, Jorge Guinle e Cristina Canale, assim como parte das obras de Leda Catunda e Omar Pinheiro.

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