“Você não sabe como é caminhar com cabeça na mira de uma HK”
No século XXI, quando filmes como Carandiru, Tropa de Elite e Cidade De Deus já forma sucessos de bilheteria e popularidade fica fácil saber um pouco de como é a vida dentro da favela e dentro de um presídio. Hoje, todo mundo já sabe um pouco sobre bandidagem, tráfico de drogas e violência policial. Entretanto, assuntos como esses eram tratados apenas em jornais policiais até pouco tempo atrás. Os Racionais MC’s traziam, para os moradores destes ambientes e para os que queriam conhecer um pouco do que realmente acontecia as verdades que só seriam mostradas para o grande público alguns anos depois. o disco Sobrevivendo no Inferno foi sucesso de crítica e venda, mesmo tendo sido produzido de forma independente das gravadoras.
Sobrevivendo no Inferno, Racionais MC’s
A grande canção do disco, que é recheados de raps de primeira qualidade, é Diário de um detento que narra os momentos que precederam o massacre do Carandiru (então a maior casa de detenção do Brasil) em 1992. No massacre, os números oficiais trazem que 111 presos foram mortos pela ação policial. Entretanto, o número de mortes estipuladas é bastante superior ao número divulgado. Nenhum policial morreu.
A canção mostra, por meio de um relato em forma de diário como é difícil ser preso. Estar no meio de tantas pessoas perigosas e não sentir segurança nenhuma por parte da polícia. na casa de detenção é cada um por si. Em um território onde reinam armas, drogas e facções, cada preso é responsável ela manutenção de sua própria vida e nunca sabe como será o dia de amanhã. Pode ser um dia normal, de trabalho, banho de sol; assim como também pode ser um dia de rebeliões e massacres, como o ocorrido em 1992.
Um fato marcante na canção de Brown e Jocenir é o apelo feito pelo detento para a família e para as pessoas próximas que estão fora da prisão. A mãe é sempre valorizada, o repúdio às drogas é claro e as orações para que a sentença do juiz lhe traga a liberdade é o desejo maior. A crítica ao policial que passa fome e é obrigado a se sujeitar aos presos também aparece na letra.
Um hino contra as injustiças e o sistema penitenciário falho brasileiro. A visão do que foi o massacre visto pelo olhar do detento, na época o grande culpado pela mídia, hoje, um pouco mais defendido. Muito dessa defesa vem da música do Racionais MC’s, que se consolidaram como um grupo de rap que luta contra a injustiça e as diferenças sociais e raciais.
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