Entre as muitas respostas que se encontra ao buscar a definição de feminismo, uma das mais plurais – e a preferida de Joanna Burigo – é a da ativista norte-americana Marie Shear, de 1986: “Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente”.
– Quando falo de feminismo, muita gente entende que eu imagino que as mulheres vivem em um universo de superioridade moral. Como disse (a comediante Hannah Gadsby no show) Nanette, as mulheres são tão corruptíveis pelo poder quanto os homens, e eles não detêm o monopólio da condição humana. Mulheres são gente. Mas vivemos em uma sociedade em que as mulheres não são tratadas 100% como gente como os homens são.
A célebre frase de Marie Shear também é a citação preferida de Babi Souza para falar sobre o feminismo nas palestras que ministra pelo Brasil:
– Feminismo é simplesmente um movimento que quer considerar a mulher como um ser humano com direitos e necessidades que merecem ser atendidas.
Na visão de Marcia Tiburi, o movimento traz ganhos não apenas para as mulheres, mas a todos que se propõem enxergar o quanto o machismo é nocivo. Inclusive no que se convenciona ser coisa de menino, como não chorar em público, ou de menina, que “só pode” brincar com bonecas.
– O feminismo é bom para homens, para mulheres, para pessoas trans. Feminismo discute gênero, classe, raça, sexualidade. O feminismo não é uma ideologia, é uma luta, uma desconstrução, uma análise. E é uma crítica, evidentemente, de uma sociedade patriarcal que faz mal a homens e mulheres. A sociedade patriarcal coloca os homens em uma posição de privilégio, dá a eles uma perspectiva subjetiva bastante precária.
A cada entrevistada no canal Você É Feminista e Não Sabe, Angélica Kalil costuma repetir uma pergunta: “Afinal, o que você sentiu quando começou a compreender o feminismo?”. Como resposta, já ouviu que era como “tirar um véu do rosto”. Ou como se descobrisse um novo continente. E até comparações com um míope quando coloca o óculos pela primeira vez. Para ela, é como se subisse em um muro e pudesse ver os dois lados da mesma sociedade:
– O feminismo liberta, traz a verdade e dá ferramentas para que você entenda melhor quem é. Mostra também o quanto o patriarcado dificulta a vida. Já ouvi de uma mulher que o feminismo atrapalha, porque você começa a se questionar. Mas o que atrapalha não é o feminismo, é o machismo.
Para Estela Rocha, um dos caminhos para explicar o movimento é ajudar a mulher a entender o que lhe é negado na vida por conta de seu gênero:
– Feminismo é quando a mulher reconhece que tem direitos no mundo. Costumo explicar quais são os direitos que ela tem e o que não consegue acessar por conta do machismo e do sexismo.
E a parte mais bonita desse movimento? Estela responde com uma palavra que nos acostumamos a ouvir: o empoderamento. Mesmo que o termo tenha se popularizado e se desgastado – e até sido incorporado por marcas que queriam pegar carona na primavera das mulheres –, a cyberativista nos convida a enxergar o real significado de se empoderar:
– O feminismo é um processo de empoderamento. Não são as pessoas que empoderam você, é o conhecimento que o feminismo traz. O empoderamento não é individual, é social. Quando a mulher se empodera, se emancipa, e isso é algo que somente ela pode fazer por ela mesma.
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