Vendas da indústria armamentista dos EUA disparam no 1º do governo Trump
Washington, 13 jan (EFE).- A indústria armamentista dos Estados Unidos vive um novo auge, refletido no aumento de cerca de 25% nas vendas de material militar, um crescimento ocasionado devido à escalada de conflitos no mundo e também pela política do presidente do país, Donald Trump, de fomentar a economia americana.De acordo com dados do Departamento de Estado, responsável por aprovar relatórios favoráveis ou contrários à aprovação desse tipo de negociação, os EUA fecharam o último ano fiscal, que vai de outubro de 2016 a setembro de 2017, com US$ 41,9 bilhões em vendas.
Os números representam uma alta de 24,97% em relação ao ano anterior, ainda no governo do ex-presidente Barack Obama, quando as vendas da indústria armamentista ficaram em US$ 33,6 bilhões.
Apesar de algumas das negociações terem sido concluídas durante os últimos meses da presidência de Obama, é inegável que governo Trump está procurando promover vendas de armamentos, indicaram fontes da Casa Branca consultadas pela Agência Efe.
Uma prova clara dessa nova política comercial é o significativo aumento das notificações de venda ao Congresso dos EUA, que é o órgão que aprova em última instância a venda de armamento não convencional a outros países.
Entre janeiro e novembro de 2016, o Departamento de Estado notificou o Congresso sobre vendas avaliadas em US$ 58 bilhões. No mesmo período deste ano, porém, o montante subiu para US$ 80,7 bilhões, de acordo com dados da organização Security Assistance, que avalia todas as informações sobre o tema divulgadas pelo governo.
Esse aumento de 39,05% se ajusta claramente à estratégia promovida por Trump na campanha: "Make America Great Again" (Faça os EUA grandes outra vez).
Fontes confirmaram à Efe que a Casa Branca, inclusive, trabalha em um projeto para promover a venda de armas a outros países.
"Os Departamentos de Estado, Defesa e Comércio, na realidade todos aqueles relacionados com o tema, foram convocados a fazer propostas para melhorar e acelerar o processo. O objetivo é eliminar regulações para assim cortamos a fita vermelha", disse uma das fontes da Casa Branca ouvidas pela Efe.
No entanto, a atual política comercial americana não é a única responsável pelo crescimento. A alta não teria ocorrido sem a escalada de diversos conflitos internacionais.
Apesar de os EUA seguirem envolvidos na guerra civil da Síria e na luta contra os talibãs no Afeganistão, o fato de Trump ter expressado vontade de reduzir a presença americana no mundo também ajudou a estimular a venda de armamentos.
Desde o início de seu governo, Trump deixou claro quer passar para as forças de segurança locais a responsabilidade assumida pelos EUA em vários dos confrontos que contam com a participação do país. Isso fez com que países como a Arábia Saudita e o Japão, preocupado com os avanços nucleares da Coreia do Norte, fossem às compras.
Além disso, fontes do governo americano consideram como "racional" o surgimento de novos clientes para a indústria armamentista. A demanda responde a ameaças de grupos terroristas, como o Estado Islâmico, e de países como a própria Coreia do Norte.
"O próprio presidente já disse que é uma prioridade fornecer aos nossos aliados e parceiros a tecnologia em defesa necessária para atender às suas legítimas necessidades", lembram fontes oficiais.
A nova filosofia está, por exemplo, por trás da principal venda de armamentos aprovada no ano passado. A Arábia Saudita pagou US$ 15 bilhões por um sistema defensivo contra mísseis.
O negócio, porém, gerou polêmica, já que o governo Obama tinha estabelecido uma série de restrições em relação a Riad pela falta de garantia do governo sobre o respeito aos direitos humanos.
"Esses países estão recebendo, dentro do pacote de compra, treinamento adicional para os sistemas que compraram, com a intenção de limitar quaisquer possíveis baixas civis que possam ocorrer devido ao uso incorreto do sistema", esclareceu o governo Trump.
De qualquer forma, o que está claro é que Trump viu na indústria armamentista uma solução para enfrentar um dos grandes desafios de sua presidência: reduzir um déficit comercial que neste ano foi de US$ 50,5 bilhões
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